O desenvolvimento intelectual está intimamente ligado com a maturação do sistema nervoso central, com a recepção e apreensão das impressões sensoriais, com a capacidade de realizar movimentos entre outros. Assim, o desenvolvimento físico é dependente da maturação, mas também pode ser influenciado positiva ou negativamente por fatores ambientais. Para ilustrar podemos citar o processo de aquisição da linguagem que, mesmo com a maturação fisiológica em níveis apropriados, caso não ocorra a estimulação ambiental (cognitiva, afetiva e social) dificilmente ocorrerá a fala como as expectativas e de forma correta. Os bebês, na média, pesam ao nascer entre 3 e 3,5 kg, sendo os meninos ligeiramente mais pesados e maiores que as meninas. Após o nascimento o tato parece ser o primeiro sentido a se desenvolver. É este mesmo sentido que proporciona as sensações de dor, que já se encontra presente desde o momento do nascimento. Através do olfato, os recém nascidos percebem uma diversidade de odores, que levam ao afastamento do rosto ou reações de choro (no caso de amônia ou éter, por exemplo) ou expressões de felicidade (como no caso do cheiro da mãe). Os neonatos preferem sabores adocicados e rejeitam os sabores amargos. A audição tem início ainda no útero: fetos respondem a estímulos sonoros e após o nascimento reconhecem sons desde o primeiro momento. Em relação a visão, esta é o sentido menos desenvolvido por ocasião do nascimento, devido as estruturas retinianas incompletas e ao nervo óptico ainda não totalmente desenvolvido, porém, desde o momento do nascimento reagem ao excesso de luminosidade. Tais observações fazem-nos atentar para o fato de um recém nascido não ser tão passivo quanto o senso comum costuma acreditar. O ambiente externo é um elemento que atua diretamente sobre o bebê, desde o momento do seu nascimento e até mesmo antes, influindo em todo o seu desenvolvimento. Em relação ao desenvolvimento motor, o bebê é um “experimentador” por excelência, sendo extremamente ativo, realizando movimentos com os braços e as pernas assim que saem do útero. As habilidades motoras se desenvolvem gradualmente e seguindo uma sequencia geneticamente programada. As crianças devem adquirir um certo nível de maturação fisiológica antes de estarem aptas a realizar uma atividade motora, como andar por exemplo. Quanto ao desenvolvimento cognitivo, várias abordagens buscam explica-lo, dentre elas a abordagem behaviorista, a abordagem piagetiana, a biométrica e a abordagem do processamento das informações. A abordagem behaviorista estuda a mecânica básica da aprendizagem com a preocupação de como o comportamento muda em resposta à experiência. A abordagem psicométrica tenta medir as diferenças individuais em termos de quantidade de inteligência. A abordagem do processamento de informações procura descobrir os processos envolvidos na percepção e no manuseio da informação. Por uma questão de afinidade pessoal, optarei por dar ênfase a abordagem piagetiana que, observa as mudanças na qualidade do funcionamento cognitivo relacionando a evolução das estruturas mentais e como as crianças se adaptam a seu meio ambiente. O período que vai desde o nascimento até os dezoito meses está englobado no período sensório-motor, segundo a Epistemologia Genética de Jean Piaget. Na realidade este período se estende até cerca dos 24 meses. Por definição, no período sensório motor, os bebês aprendem sobre si mesmos e sobre o mundo por meio de sua própria atividade sensorial e motora. O período sensório-motor se subdivide em seis subestágios, que se sequenciam a medida que os esquemas (ou padrões organizados de comportamento) se tornam mais elaborados. Grande parte desse desenvolvimento se dá através do que Piaget chamou de reações circulares, nas quais o bebê reproduz acontecimentos agradáveis que ocorreram uma primeira vez, ao acaso. O primeiro subestágio que vai desde o nascimento até um mês de vida se caracteriza pelo exercício dos reflexos inatos e certo ganho de controle sobre os mesmos e a não coordenação das informações sensoriais. No segundo subestágio, que se estende do primeiro ao quarto mês, os bebês repetem comportamentos agradáveis que primeiramente ocorreram ao acaso (como o ato de sugar). As atividades tem como foco o próprio corpo. Nesta fase, os bebês começam a coordenar suas primeiras informações sensoriais. O terceiro substágio, dos quatro aos oito meses, é caracterizado pelo início do interesse pelo ambiente e pelo início da repetição das ações que de alguma forma são gratificantes e/ou estimulantes. As ações são intencionais mas inicialmente não orientadas a metas. Os bebês dão inicio ao processo de permanência do objeto, mas apenas parcialmente. A permanência do objeto se caracteriza pela capacidade de reter mnemicamente o objeto, mesmo que este não esteja ao seu alcance de visão. Dos oito aos doze meses de idade, no quarto subestágio, o comportamento é mais deliberado, com grau intencional, tendo em vista que o bebê já consegue, por exemplo, olhar e pegar determinado objeto ou engatinhar em busca de alguma coisa que lhe desperte o interesse. A permanência do objeto está se desenvolvendo, embora os bebês tendam a procurar um objeto no primeiro local onde foi escondido, mesmo que tenham visto o objeto ser movido de lugar. No quinto substágio, os bebês exibem curiosidade e variam propositalmente suas ações para obter o resultado esperado e exploram ativamente o mundo ao seu redor. Nesta etapa, utilizam o método de ensaio e erro para a resolução de problemas. A permanência do objeto está quase totalmente estabelecida. Quanto ao desenvolvimento psicossocial, pode-se obervar os seguintes marcos do desenvolvimento. As idades são aproximadas, não havendo uma fixidez. Do nascimento aos três meses de idade, os bebês são receptivos a estimulação, começando a mostrar interesse e curiosidade, alguns sorriem espontaneamente. Até os seis meses os bebês são capazes de antecipar o que vai acontecer e sentir desapontamento quando isso não acontecer. Isso pode ser observado pois facilmente demonstram insatisfação quando o desejado não acontece. Esta época pode ser caracterizada pelo despertar do social e das primeiras trocas recíprocas entre o bebê e quem lhe cuida. Dos seis aos nove meses, os bebês são capazes de realizar atitudes objetivando obter respostas das pessoas. Exprimem emoções com mais vivacidade, mostrando alegria, medo, raiva e surpresa. Já dos nove meses a um ano de idade, os bebês se ligam afetivamente ao cuidador, podendo ficar com medo e agir de modo reservado em novas situações. Com um ano de idade eles são capazes de expressar suas emoções e sentimentos de modo mais claro. Após um ano até os dezoito meses, os bebês exploram ativamente seu ambiente, usando como base segura as pessoas que tem mais convivência e confiança. A medida que dominam o ambiente desenvolvem a confiança e se tornam mais ansiosos por aprovação. bibliografia
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terça-feira, 15 de março de 2011
A criança de zero a 18 meses
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